Em média, 45% dos resíduos dos serviços de saúde (RSS) coletados no Brasil têm destinação incorreta, ou têm seu destino ignorado e, pior, são enviados para os lixões sem o mínimo controle. A informação consta na sexta edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2008, lançado recentemente pela Associação de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em São Paulo, com dados sobre as destinação de resíduos sólidos urbanos e resíduos sólidos de saúde de todas as cinco macrorregiões brasileiras: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo o soordenador de Resíduos Especiais da Abrelpe, Odair Luiz Segantini, o fato de os resíduos do setor de saúde poderem não estar sendo destinados corretamente deve servir de alerta às autoridades sanitárias. (...) O especialista alerta que as resoluções causaram mudanças drásticas na forma de manuseio, armazenamento e destinação final de resíduos sólidos de saúde, dispensando hospitais e outros estabelecimentos do setor da obrigação de tratar todos os resíduos infectantes produzidos pelos serviços de saúde. Com isso, resíduos que contém o vírus influenza, até o A (H1N1), da gripe suína, por exemplo, e de doenças como aids, hepatite e tuberculose, entre várias outras, inclusive aqueles trazidos do exterior por viajantes eventualmente contaminados, no intervalo entre a constatação do perigo e o estabelecimento da barreira sanitária, todos correm o risco de estarem sendo lançados diariamente nos aterros e/ou lixões do país sem qualquer tipo de tratamento prévio.
As resoluções não atentam para o fato de que novas doenças e mutações de vírus surgem todos os dias, assim uma pessoa que chega ao Brasil portando um vírus que ainda não foi identificado pode transmiti-lo pelo simples fato do resíduo de seu atendimento não ser adequadamente tratado por orientação das citadas resoluções. Segantini alega que a legislação é falha, pois permite que bolsas de sangue e objetos perfurantes ou cortantes sejam lançados diretamente nos aterros sanitários. Os materiais perfuro-cortantes, alerta Segantini, são uma das principais formas de transmissão de doenças porque, em um acidente, criam a porta de entrada do agente causador da doença. Ele destaca também que para destinar o resíduo de forma segura, reduzindo em muito os riscos de contaminação, os hospitais e serviços de saúde não gastariam mais do que 0,5% do seu faturamento mensal.
Mais informações podem ser obtidas pelo site www.abrelpe.org.br/download_panorama.php
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