25 de setembro de 2009

Alternativa para daltonismo

Agência FAPESP – Macacos daltônicos passaram a enxergar cores após terem sido submetidos a um tratamento baseado em terapia genética. A novidade, descrita na edição desta quinta-feira (17/9) da revista Nature, demonstra o potencial da terapia para o tratamento de problemas de visão em humanos.

Adicionar novas informações sensoriais ao cérebro, como receptores visuais sensíveis a diferentes comprimentos de onda da luz, somente é possível nos primeiros anos de vida, quando o cérebro está no auge de sua plasticidade. Mas a nova pesquisa mostra que, no caso de distinguir cores, a história pode ser diferente.

O grupo responsável pelo estudo, composto por cientistas de diversas instituições norte-americanas, usou macacos-esquilos (Saimiri sciureus), primatas de pequeno porte (adultos têm cerca de 700 gramas) que vivem em diversos países da América do Sul, entre os quais o Brasil.Os machos de tal espécie são naturalmente incapazes de enxergar cores.

Os pesquisadores introduziram genes para fotopigmentação presentes em algumas fêmeas em células fotorreceptoras nas retinas de dois machos adultos. A introdução se deu por meio de vírus inofensivos. Os genes produziram proteínas chamadas opsinas, que atuam para a produção, na retina, de pigmentos sensíveis ao vermelho e ao verde.

Cinco semanas após o tratamento, testes físicos e comportamentais comprovaram que os animais passaram a distinguir entre as cores verde e vermelho, o que não conseguiam fazer antes da terapia genética.

“Nada aconteceu nas primeiras 20 semanas. Mas soubemos imediatamente quando começou a funcionar. Foi como se eles acordassem e passassem a ver cores. Os animais sem dúvida alguma passaram a responder a cores que até então eram invisíveis a eles”, disse Jay Neitz, do Departamento de Oftalmologia da Universidade de Washington, outro autor da pesquisa.

Ao mostrar que é possível adicionar capacidades sensoriais em primatas, o estudo indica que o cérebro pode ser capaz de se reprogramar com informações completamente novas, mesmo após o fim do período inicial e crítico para o desenvolvimento cerebral.

O daltonismo, problema hereditário caracterizado por uma anomalia na visão das cores, é o distúrbio genético mais comum em humanos. Os pesquisadores destacam que ainda serão precisos muitos estudos para que se desenvolva uma cura para o problema em humanos, mas que os resultados da pesquisa são animadores, inclusive para outras doenças.

“Mostramos que podemos curar o problema em um primata, e que podemos fazer isso de maneira segura. Isso é extremamente encorajador também para o desenvolvimento de terapias para doenças que causam cegueira em humanos”, disse William Hauswirth, professor de genética molecular oftálmica na Universidade da Flórida, um dos autores do estudo.

Os pesquisadores deram a um dos macacos o nome de Dalton – o outro é Sam – em homenagem ao químico e físico inglês John Dalton (1766-1844), conhecido por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento da teoria atômica moderna e por sua pesquisa sobre a incapacidade de enxergar cores. Dalton era daltônico, condição que desde então leva seu nome.

O artigo Gene therapy for red–green colour blindness in adult primates, de Jay Neitz e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em (http://www.nature.com)

: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11078/divulgacao-cientifica/alternativa-para-daltonismo.htm


Um comentário:

  1. Interessante o blog de Vocês. Fui da 1ª turma da uece de Ciências Biológicas. Façam um banner que coloco em meu site: www.danbio.net

    Abraço!

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